domingo, 22 de junho de 2008

Amor de irmã


Eu não tenho filhos...
Estou longe de tê-los...
Mas por volta de agosto de 2006 as coisas na minha vida mudaram completamente.
Meu pai teve 3 filhos com minha mãe... dois homens, um mais velho que eu e um mais novo, e eu... aí eles se separaram (coisas da vida) e meu pai se casou novamente. Minha madrasta já tinha um filho, na época com 4 anos, hoje com 16.

Muitos anos depois de se conhecerem, e cansados de comprar cachorros, meu pai e sua esposa resolveram fazer a coisa mais desvairada que podiam fazer: engravidar.
Foi inseminação artificial, 3 embriões, e o medo de "vingarem" os 3 era grande...

E o teste deu positivo... e o ultrassom mostrou que era uma menina... e a gravidez correu tudo bem.

Em maio do ano passado nasceu minha irmãzinha. Eu, metida a médica que sou, estava na sala de parto assistindo a cesárea... vi o rosto do meu pai quando puxou a cabeça da bebezinha... e tive que me conter pra ficar em pé quando ela começou a chorar.

Ela já tem um ano, e eu falo, sem dúvida nenhuma, que ela é o bebê mais lindo da face da Terra.

Cada sorriso dela é um sorriso meu... e as saudades que eu sinto por ter de passar a semana inteira longe dela é enooooorme.

Não tenho filhos, mas se o amor que eu vou sentir por eles for maior do que o amor que eu sinto
por minha irmã... não acho que esse meu coraçãozinho aguenta, é provável que ele exploda.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Discussões.

Dessa vez não é uma reclamação... minha política agora é auto-controle.
Então lá vai uma constatação.

Eu odeio discutir, realmente odeio, mais do que tudo...
Não pq é uma coisa desagradável, como de fato é, e sim pq eu não sou muito capaz.

Não estou falando de discussões em supermercados pq o preço cobrado não foi o preço marcado no produto, ou com estranhos que furam aquela fila quilométrica... essas discussões eu tenho com facilidade, me irrito, empino a cabeça e peito qualquer um, sem problemas.
Mas quando tenho que discutir com alguém que eu gosto... ah, aí é outra história.

A sensação que eu tenho é que eu gostaria de abrir minha cabeça e expor minhas opiniões, para mim tão óbvias, para que a pessoa olhasse e concluísse "ah sim, vc tem razão... como eu não vi isso antes?! Tão óbvio!"
A outra opção seria abrir a cabeça da pessoa e enfiar tudo que eu penso lá dentro... o que a levaria a dizer a frase já referida.

Estava assistindo uma amiga minha brigando com o namorado (ela estava no meu carro... tive que desligar o som... ouvir a conversa era inevitável, não sou tão enxerida!), e ela estava realmente revoltada, frisando o quanto era óbvio que ele tinha entendido errado, que ela estava certa... fiquei pensando que do outro lado da linha devia estar acontecendo a mesma coisa.

Acho que a conclusão é que a linguagem das pessoas não é capaz de transmitir todo o necessário para que elas se façam por entender, deve ser por isso que tudo é a zona que é.

Somos todos estrangeiros vivendo em um país cuja língua não dominamos...
Ás vezes me sinto na China.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Caramba!

Mas nossa! Como eu reclamoooo!!!

Ia entrar aqui e começar a escrever... aí notei que ia reclamar mais uma vez!

Não é possível.

Decidi calar a boca...
(sim, sábia decisão).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

...


"There are people going hungry
every day
They've got nothing on their plates
And you're filling your fat face
with every different kind of cake"¹

Já era tarde...
As consultas estavam marcadas para as oito, não ia mais chegar nenhum paciente.

Foi aí que ele surgiu, empurrando uma cadeira de rodas.

-Sr. Fulano de tal, pode entrar.
-É aqui o ambulatório de nefrologia?

Ele e a cadeira de rodas entraram. Quem ia ser consultado estava sentado nela.

-E pq ele está aqui?
-Eu não sei muito bem...

O paciente era morador de rua, agora morava em uma casa de caridade.
Não podia responder as perguntas, sofria de algum tipo de demência.
Além de hipertensão completamente sem controle.
Havia sido tabagista, etilista e ninguém podia dizer mais o que.

-O rim dele está quase parando... vamos solicitar alguns exames e sorologias.
-A senhora pode me dizer o que exatamente? Preciso anotar tudo direitinho...

O acompanhante era realmente impressionante.
Jovem, instruído...
Cabelos cortados no melhor estilo franciscano, túnica marrom longa e grossa, que não devia ser nem um pouco confortável no calor de Campinas...
E os pés descalços.
Podia se ver que nunca vestia sapatos, seus calcanhares rachados e sola imunda era um reflexo da vida que tinha escolhido.
Era sua escolha... era realmente o que queria fazer.

O paciente tossia e fazia barulhos estranhos ao expelir o catarro espesso.

-Você precisa levar ele no pronto-socorro agora pra fazer um raio-X
-Tudo bem, pode deixar...

Acabou a consulta, todos na sala exaustos...
O acompanhante ajoelhou, calçou as sandálias no paciente e agradeceu.

-Muito obrigada, doutoras...

A gente pensa que faz muito...
A realidade é que sempre se pode fazer mais.

¹Belle and Sebastian - Century of Fakers