terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Fica a dica!

Aí que estávamos no ambulatório de Ginecologia Geral...
Maior inferno, mil pastas para atender, pacientes reclamando que estava demorando muito, e nós, pobres estudantes, tentando absorver informações que a professora passava, sem nem respirar ao fim da frase.

Até que de repente as coisas pareceram ainda mais caóticas...
Ainda eram mil pacientes, ainda estava a maior confusão, ainda tinhamos mil casos para discutir e pacientes impacientes em posição ginecológica... só que isso já não importava muito.

Não fui eu quem atendi... foi um residente (graças a Deus!), mas ela tinha 26 anos e voltava, nervosa, para receber o resultado de um exame.
Fora diagnosticada pouco tempo antes com câncer de colo de útero e essa notícia já tinha sido devastadora... aí o tratamento já não era dos mais simples (conização) e o que o médico tinha pra dizer era menos ainda. As margens da peça retirada no procedimento estavam comprometidas... resultado: não havia outra conduta a não ser a retirada total do útero.

A paciente não tinha filhos...
Nunca teria.

História trágica... tiremos uma lição: PAPANICOLAU, galera!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Recortes


Pegando os pedaços da minha vida descritos nesse blog, qualquer pessoa deve pensar que eu sou uma pessoa triste...

Mas gente, NÃO SOU!


Há...

sério mesmo!


É que isso aqui é meu refúgio...

Meu lugar de reclamação...

Onde eu entro e posso me abrir, com o mínimo de poesia, para que as coisas saiam de meu peito.

Ler minhas agonias em palavras fazem com que as coisas circulem, se tornem mais leves...


Sou uma pessoa feliz... tenho mtas coisas na minha vida, praticamente tudo que eu posso desejar.

Mas sou uma pessoa... e isso me torna insegura, caprichosa, cheia de dúvidas e, principalmente, reclamona.


Estou em busca da leveza escrevo aqui o que há de mais pesado nessa vida...


"A felicidade não é coisa desse mundo"

domingo, 2 de novembro de 2008

Sou uma velha rabugenta.

Ando cansada...

Não só aquele cansaço de falta de sono que todos nós temos de tempos em tempos e que me acomete diariamente.

É um cansaço interno... que vem lá do fundo.

Um cansaço sem causa aparente, mas com mil justificativas (vãs)...

Explicado pela tentativa incessante de entender pq estou tão cansada...
Pode-se dizer que é um ciclo vicioso = me canso -> penso pq me canso -> não concluo nada -> me canso mais ainda.

Explicado pela constante "incomodação" sobre o futuro... pelo pensamento que "eu preciso decidir" (essa frase dita com a urgência que causa qualquer pensamento sobre o que será da sua vida... aquela urgência pré-vestibular).

Explicado, ainda, pela sempre presente insatisfação com as coisas do presente, com minhas atitudes pessoais, com essa culpa que carrego (que é naturalmente minha, talvez tenha nascido com ela... ela é meu pecado original).

Enfim... meu cansaço é sentido no corpo e na alma.
Nem Red Bull resolve.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Segunda-feira: cinema à R$ 3,00


Era uma vez uma segunda-feira fria e chuvosa...
Duas amigas, sem dinheiro no bolso, resolveram aproveitar o desconto no preço do cinema (que está custando os olhos da cara nos dias de hoje). Pegaram a sessão das 19:00 h, que era pra não acabar tarde, e compraram o combo pequeno, pipoca, coca light e sonho de valsa.
.
.
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Era mais um filme de amor. Acho que se não fosse eu não estaria sentada aqui escrevendo sobre ele. Talvez eu não consiga comentar sobre outro tipo de filme...
E devo dizer que eu, no auge dos meus 24 anos, ainda fico sorrindo, com cara de boba, ao ver naquela telona uma história de amor linda e irreal. Ainda sinto lágrimas nos meus olhos quando algo de errado acontece e faz com que o casal não possa ficar junto, por um tempo ou pra sempre.
E não importa quantas vezes meu coração seja despedaçado, ainda existe aquela esperança que amores são para sempre, que paixões podem ser despertadas com o olhar e que os toques podem soltar faíscas.
Me sinto meio boba...
Tomaria um potão de sorvete agora se não estivesse de dieta (sempre!).
Vou dormir.
PS: em um dia como hoje, peguem seus trocados e assistam "Noites de Tormenta"... filmes de amor assim lavam a alma!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

No alarm and no surprises... ¹

"I have desired to go

Oh, I have asked to go

Where a few lilies blow

To fields where flies no sharp and sided hail

And springs not fail

And springs not fail



And I have asked to be

Oh, I have asked to be

Out of the swing of the sea

Where the green swell is in the heavens won

And no storms come

And no storms come" ²



¹Radiohead - No surprises

²The Innocence Mission - No Storms Come

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Triste...

Ela chegou em casa pequena, mas um pouco mais velhinha que as pessoas estão acostumadas.
Era beeem magrinha, meio doentinha, mas feliz... mto feliz.

Quando via a gente balançava o rabo... e assim o corpo inteiro.

Cuidamos dela até ela ficar bem, dormia dentro de casa e lá passava o dia inteiro. Até que ela ficou grande demais e colocamos ela no quintal. As primeiras noites ela deitava no meu colo, toda enroladinha, e assim dormia. Eu a pegava e levava pra caminha, com todo cuidado p ela não acordar, pq aí ia ter que começar tudo de novo.

Era tão alegre, mas tão alegre, que nem seu porte todo de Boxer assustava as pessoas. Pq ela chegava, pulava, lambia e conquistava qualquer pessoa e a idéia de ser um cão de guarda se foi logo que passamos a conhecer sua índole... mas mesmo assim passava segurança, talvez por seu companheirismo.

E aí um dia... de repente... voltei pra casa e a única coisa que minha mãe precisou dizer foi "senta..." e pronto, eu já sabia.

Tenho saudades como teria de qualquer pessoa da minha família.

O nome dela era Hebe, o que nada tem a ver com a apresentadora e sim com a deusa grega da juventude, o que, por si só, já diz tudo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Um calor de 40°C

Campinas é um inferno! E isso transforma meu humor de uma forma incontrolável!

Enfim... mesmo depois de tomar 2 picolés (50 centavos cada um lá no posto de saúde... uma benção!) minha temperatura corporal continuou elevadissíma.

Indo para casa, meu carro com pouca gasolina e, portanto, sem poder ligar o ar condicionado, fui olhando as coisas ao meu redor, daquela maneira que pessoas com o saco quase explodindo olham ("Ah, como esse mundo está cinza hoje" = sol brilhando, céu azul e pássaros cantando).

Foi aí que eu notei a sujeira que a cidade vira em época de eleições...

Não aguento mais olhar pra imagem dessas pessoas, sorrindo, com cara de "votem em mim que eu preciso de um emprego".
Fora os nomes que publicitários formados por aí criam, tipo "Paulão Show de Bola", e slogans mais interessantes ainda, tipo "Nesse eu vou!"

Eu compreendo como é importante o direito de votar... e a propaganda na TV nem me irrita tanto quanto irrita outras pessoas (graças a deus pela TV paga!!), mas a sujeira que vira a cidade, bom, essa não há picolé que resolva!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Querendo ser outra pessoa... ou não.

"O Senhor "F"
Vive a querer
Ser Senhor "X" "¹

É um daqueles dias...
Eles estão cada vez mais frequentes ultimamente.

Estou sozinha em casa, e geralmente é isso que desencadeia a coisa toda.
Isso ou um draminha qualquer, que pra outra pessoa pareceria desimportante, mas que pra mim, por alguma disfunção no modo que meu cérebro funciona, se torna um dramão.

Acho que todos acham que eu sou assim...
Que desde criança eu sou "chorona", dramática... exagerada mesmo, nas minhas tristezas e muitas vezes nas minhas alegrias.

O que eu sinto é que eu ando mais triste do que feliz... mas não me considero uma pessoa triste, sei lá... mesmo pq qualquer rótulo desse tipo é inútil, e assim sendo, não vale à pena.

Sinto uma insatisfação geral... uma tristeza ampla e que não pode ser ligada a um aspecto só.

Não é só o trabalho, a faculdade, os pacientes...
Não são só os amigos...
Não é só a família...
Não é só o relacionamento...
Não é só o dinheiro...

Aí eu chego a conclusão óbvia que sou eu.

Não sei pq escrevendo isso... não sei pq resolvi abrir minha vida dessa maneira, talvez pq estando só e sem telefone é só isso que me resta... talvez pq escrever torna as coisas um pouco mais conscientes, e isso ajuda a lidar com elas.

Talvez se tivesse feito artes plásticas...
Se tivesse ficado nos Estados Unidos...
Se mudasse de estado, de país, de vida...
Talvez se minhas escolhas e o acaso não tivessem me trazido até aqui...

Quem sabe se tudo fosse diferente eu não estaria, nesse momento, em algum lugar brindando a felicidade extrema.

Vocês já pensaram na importância de nossas escolhas? No quanto elas realmente mudam nossa vida? E onde vocês poderiam estar se tivessem escolhido qualquer outra coisa?!

O fato é que hoje eu não queria ser eu mesma.


¹Os Mutantes - Senhor F

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 3]

Parei em Potosí... e essa viagem contada tá durando mais que a viagem de fato!

Bom... estava indo a um dos lugares mais lindos da terra: O Salar do Uyuni.
Foram 3 dias fantásticos, mas acho que o velho clichê cabe aqui. Então lá vão imagens:


São 12.000 km² de um deserto de sal de 12 metros de profundidade (10 bilhões de toneladas de sal!). Uma imensidão branca com um contraste incrível com um dos céus mais azuis que eu já vi. No meio uma ilha, com formações de corais da época que aquilo tudo era um mar, antes dos Andes, além de cactus gigantes, de mais de mil anos!Lagoas verdes, vermelhas, azuis... flamingos barulhentos... não havia um lugar que não me deixava de boca aberta!

As pessoas me perguntavam pq eu tinha resolvido visitar a Bolívia. Depois de conhecer esse lugar eu acho que a resposta é bem clara.

Um único imprevisto: Maíra, nossa colega brasileira, se destraiu e bateu a cabeça em um ferro no cemitério de trens! Resultado: sangue, mto sangue... um talho na cabeça e três pontos dados por uma enfermeira vesga, muito da mal humorada. E a preocupação da menina era se ia ter que cortar o cabelo!
Saindo do Uyuni fomos à La Paz, capital legislativa e administrativa da Bolívia, e lá mais um acidente.
Bom, eu não andava de bicicleta desde mais ou menos 10 anos de idade, quando era frequentadora assídua do Ibirapuera, e, seguindo conselhos de loucos (lógico, muito prudente!), resolvemos, eu e a , descer a Estrada da Morte de bicicleta!!! Uhuuuu!!!

Estava tudo bem, eu estava super confiante, achando que eu ia tirar aquilo de letra! E até estava, sabe... até liguei o Ipod, ! Mas aí... bom, eram 3000 m de descida e quando estavamos a cerca de 500 m do fim do percurso.....

Uma mosca entrou no meu óculos

Eu não sabia o que fazer!

Apertei o freio! Mas não medi minha força...

O freio da frente foi mais forte que o de trás.....

Cambalhota por cima do guidão e pronto... eu estava estatelada no chão, com uma dor INSUPORTÁVEL no ombro, e chorando, claro!!!

Resumo: tipóia pelo resto da viagem, minhas pobres amigas carregando meu mochilão, e, só pra completar, o maior piriri da vida no dia seguinte!
(agora no Brasil, depois de uma visita ao ortopedista, descobri que quebrei a clavícula, e o médico por lá não viu, e dei uma lesada na articulação... que ainda dói!)

Mas digo uma coisa: valeu a pena!!!

Agora, rumo à Copacabana!!! E aí Peru, para a última e mais emocionante parte da viagem!
(Calma gente... tá acabando!)

Prêmio

"...criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras..."
Ganhei da professorinha!
Tenho que fazer uma lista de blogs... mas isso vai ter que ficar pra depois :/
Mas farei!


Enfim... tenho que ir :P

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Adeus à Razão

(Sozinha em casa... no banho. A cabeça contra a parede e a água do chuveiro caindo, morna, em sua nuca...)

"Pois é, é assim que vai ser. Simplesmente não dá mais, sabe?!"

(um suspiro introdutório)

"Sua presença na minha vida se tornou um impecílio! É só eu começar a fazer algo que você já aparece, toda dona da situação, querendo que eu pense bem... que eu pese bem as coisas!! No começo achei que você seria realmente importante... essencial até..."

(o tom de voz vai aumentando, ficando mais enraivecido...)

"Algumas vezes eu quero fazer o que me dá na telha, cassete! Sem pensar em consequências!! Mas aí lá está você, querendo se meter onde não é chamada! Eu não pedi sua opinião, pô!!!!"

(mais calma, querendo acabar a conversa)

"O que acontece, na realidade, é que eu conclui que você deve ir. Não podemos mais conviver... nossas vontades não batem mais... e você acaba me atrapalhando..."

(silêncio...)

"Mas... bom... eu não posso mentir pra você... preciso te contar mais uma coisa, afinal te devo uma explicação. A realidade é que eu conheci outra pessoa... completamente seu oposto... que me fez ver as coisas de outra forma. Sabe, ela me deixa livre, eu faço o que eu quero... e se dá errado, se eu preciso chorar, ela sempre está lá, sem julgamentos... eu sinto muito, mas agora você deve ir."

(sai do chuveiro, se enrola na toalha, e na sala vazia cumprimenta, alegre...)

"Que bom que você chegou, Emoção querida"

(um sorriso no rosto)

"Só você me entende!"

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 2]

Bom, paramos na ida a Potosí!
O caminho de ônibus foi tranquilo até (tranquilo querendo dizer que não aconteceu nada demais... mas lembrem-se: as estradas da Bolívia não são asfaltadas, elas são todas duas mãos mas com uma pista só e os ônibus são mais ou menos do início da década de 90, além de serem todas na beira do abismo com risco de queda sempre ali).

Potosí é uma cidade lindinha (sim, eu já falei isso de Sucre... mas Potosí é ainda mais bonitinha!), com duas praças principais, uma do lado da outra e uma catedral.

Foi uma cidade muito rica na época da exploração da prata pelos espanhóis, e dizem as más línguas que a quantidade de prata extraída de lá é suficiente para construir uma ponte até a Espanha, e que uma ponte ainda maior pode ser construida com os ossos dos índios que morreram nas minas do Cerro Rico de Potosí.

Bom, como boas turistas que somos, fomos conhecer a atração turística da cidade: as minas.
Era um domingo, os mineiros não estavam trabalhando... estavam sentados tomando uma cervejinha... mas a visita à mina foi impressionante! É uma realidade que não dá para imaginar! Eles ficam lá dentro o dia inteiro... mascando folha de coca... sem comer nada e trabalhando e torcendo para encontrar um pedação de prata que faça aquilo tudo valer a pena!
Depois de conhecer tudo por lá, ainda tomamos um traguinho com os mineiros (eles bebem álcool à 96°!!!!!).

Agora o trecho Potosí-Uyuni ou "A Pior Viagem da Minha Vida":



Primeiro sentamos eu e a de um lado, e a Maíra e um lugar vazio do outro...
A piada era qual seria a surpresa que sentaria ali...
E foi uma surpresa... ah, e que surpresa!
No começo parecia um bêbado qualquer... falando nada com nada e pronto... pensamos que ele logo ia dormir e calar a boca. Mas ele continuou falando, e a gente ignorando, até que a Maíra não aguentou e mudou de lugar. Foi aí que eu comecei a ouvir, ele dizia calmamente que assim que a gente chegasse no Uyuni ele ia convidar a gente pra ir a casa dele, e que chegando lá ele ia nos matar... que ele tinha pistolas em casa...
Resumo: 5 horas de olhos arregalados, o bêbado cheirando nosso cangote e a batendo nele com uma garrafa de dois litros de água. Eu estava com tanto medo que, devo confessar, chorei! (tá tá... isso não é novidade, mas dessa vez foi de desespero, sem outra explicação!).
Aí surgiu nossa salvação: uma irlandesa imensa acendeu a lanterna na cara do bêbado e empurrou ele pra trás!!!
Chegamos no Uyuni, -35°C, pegamos um táxi e fomos ao hotel, onde fomos atendidas por outro bêbado!!! Mas desse eu não vou nem comentar... nosso cansaço era tanto que a cama era a única coisa que aparecia na nossa frente!
Mas no dia seguinte deu tudo certo... e saímos para um dos lugares mais lindos da terra!
Que, adivinhem, ficará para a próxima!!!


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 1]

A pedidos da professorinha, resolvi sentar e escrever. E como não consigo falar de outra coisa que não minha viagem... preparem-se :P

Tudo começou no inicio de julho... vôo da Gol São Paulo - Santa Cruz de la Sierra. Chegamos lá pelas duas da manhã, sem um boliviano no bolso... e a casa de câmbio fechada no aeroporto. Sentamos, eu a a Ló, e esperamos... horas e horas. Seis da manhã conseguimos trocar o dinheiro e fomos para a rodoviária, de ônibus, não fazendo idéia do que nos esperava.
O motorista, o primeiro anjo que surgiu nessa viagem, ao invés de nos deixar no ponto onde tomaríamos um táxi até a rodoviária, nos deixou na porta! Aí aconteceu o primeiro susto:

Rodoviária de Santa Cruz = visão do inferno!

Sujeira para todos os lados, cholas para todos os lados! As pessoas, todas índias, olhavam para a gente como se fossemos de outro planeta!!!
E quando eu digo sujeira, não estou falando de lugares como o centro de São Paulo, mas como um lixão mesmo! Pilhas e pilhas de lixo, nas calçadas! Pilhas de um metro de altura, e aquele cheiro de laranja podre!
Bom, pra nossa sorte só tinha passagem pras 4 da tarde, e eram 7 da manhã. Podia passar o resto do tempo contando como nossa estada nessa cidade foi terrível, mas tanta coisa boa pra contar... não vale a pena!
Uma fotinho, pra ilustrar. Ao fundo: a rodiviária.


Bom, quando finalmente conseguimos sair, e tentando não nos desesperar com o estado do ônibus no qual iamos viajar 16 horas, tomamos um dramin e pronto, sono profundo!
Aí, em uma parada no meio do caminho, em um lugar que não dava pra acreditar, conhecemos uma brasileira que viajava sozinha, e ela foi inserida ao grupo.

Chegamos, vivas, a Sucre.

Sucre é, na verdade, uma das capitais da Bolivia, a capital constitucional.
A outra, como todos sabem, é La Paz.
É uma cidade lindinha, com uma praça que é uma graça (Plaza 25 de Maio) e, um pouco afastado da cidade, um parque temático, nos moldes americanos, onde se pode ver um paredão com inúmeras pegadas dos dinossauros que viveram alí.
Passamos duas noites antes de pegar o próximo ônibus (que também não inspirava segurança) até Potosí.




Próxima parada: Potosí. Em outro post, pq já deu... nem eu ia ter paciência de ler tudo isso aí!

domingo, 22 de junho de 2008

Amor de irmã


Eu não tenho filhos...
Estou longe de tê-los...
Mas por volta de agosto de 2006 as coisas na minha vida mudaram completamente.
Meu pai teve 3 filhos com minha mãe... dois homens, um mais velho que eu e um mais novo, e eu... aí eles se separaram (coisas da vida) e meu pai se casou novamente. Minha madrasta já tinha um filho, na época com 4 anos, hoje com 16.

Muitos anos depois de se conhecerem, e cansados de comprar cachorros, meu pai e sua esposa resolveram fazer a coisa mais desvairada que podiam fazer: engravidar.
Foi inseminação artificial, 3 embriões, e o medo de "vingarem" os 3 era grande...

E o teste deu positivo... e o ultrassom mostrou que era uma menina... e a gravidez correu tudo bem.

Em maio do ano passado nasceu minha irmãzinha. Eu, metida a médica que sou, estava na sala de parto assistindo a cesárea... vi o rosto do meu pai quando puxou a cabeça da bebezinha... e tive que me conter pra ficar em pé quando ela começou a chorar.

Ela já tem um ano, e eu falo, sem dúvida nenhuma, que ela é o bebê mais lindo da face da Terra.

Cada sorriso dela é um sorriso meu... e as saudades que eu sinto por ter de passar a semana inteira longe dela é enooooorme.

Não tenho filhos, mas se o amor que eu vou sentir por eles for maior do que o amor que eu sinto
por minha irmã... não acho que esse meu coraçãozinho aguenta, é provável que ele exploda.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Discussões.

Dessa vez não é uma reclamação... minha política agora é auto-controle.
Então lá vai uma constatação.

Eu odeio discutir, realmente odeio, mais do que tudo...
Não pq é uma coisa desagradável, como de fato é, e sim pq eu não sou muito capaz.

Não estou falando de discussões em supermercados pq o preço cobrado não foi o preço marcado no produto, ou com estranhos que furam aquela fila quilométrica... essas discussões eu tenho com facilidade, me irrito, empino a cabeça e peito qualquer um, sem problemas.
Mas quando tenho que discutir com alguém que eu gosto... ah, aí é outra história.

A sensação que eu tenho é que eu gostaria de abrir minha cabeça e expor minhas opiniões, para mim tão óbvias, para que a pessoa olhasse e concluísse "ah sim, vc tem razão... como eu não vi isso antes?! Tão óbvio!"
A outra opção seria abrir a cabeça da pessoa e enfiar tudo que eu penso lá dentro... o que a levaria a dizer a frase já referida.

Estava assistindo uma amiga minha brigando com o namorado (ela estava no meu carro... tive que desligar o som... ouvir a conversa era inevitável, não sou tão enxerida!), e ela estava realmente revoltada, frisando o quanto era óbvio que ele tinha entendido errado, que ela estava certa... fiquei pensando que do outro lado da linha devia estar acontecendo a mesma coisa.

Acho que a conclusão é que a linguagem das pessoas não é capaz de transmitir todo o necessário para que elas se façam por entender, deve ser por isso que tudo é a zona que é.

Somos todos estrangeiros vivendo em um país cuja língua não dominamos...
Ás vezes me sinto na China.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Caramba!

Mas nossa! Como eu reclamoooo!!!

Ia entrar aqui e começar a escrever... aí notei que ia reclamar mais uma vez!

Não é possível.

Decidi calar a boca...
(sim, sábia decisão).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

...


"There are people going hungry
every day
They've got nothing on their plates
And you're filling your fat face
with every different kind of cake"¹

Já era tarde...
As consultas estavam marcadas para as oito, não ia mais chegar nenhum paciente.

Foi aí que ele surgiu, empurrando uma cadeira de rodas.

-Sr. Fulano de tal, pode entrar.
-É aqui o ambulatório de nefrologia?

Ele e a cadeira de rodas entraram. Quem ia ser consultado estava sentado nela.

-E pq ele está aqui?
-Eu não sei muito bem...

O paciente era morador de rua, agora morava em uma casa de caridade.
Não podia responder as perguntas, sofria de algum tipo de demência.
Além de hipertensão completamente sem controle.
Havia sido tabagista, etilista e ninguém podia dizer mais o que.

-O rim dele está quase parando... vamos solicitar alguns exames e sorologias.
-A senhora pode me dizer o que exatamente? Preciso anotar tudo direitinho...

O acompanhante era realmente impressionante.
Jovem, instruído...
Cabelos cortados no melhor estilo franciscano, túnica marrom longa e grossa, que não devia ser nem um pouco confortável no calor de Campinas...
E os pés descalços.
Podia se ver que nunca vestia sapatos, seus calcanhares rachados e sola imunda era um reflexo da vida que tinha escolhido.
Era sua escolha... era realmente o que queria fazer.

O paciente tossia e fazia barulhos estranhos ao expelir o catarro espesso.

-Você precisa levar ele no pronto-socorro agora pra fazer um raio-X
-Tudo bem, pode deixar...

Acabou a consulta, todos na sala exaustos...
O acompanhante ajoelhou, calçou as sandálias no paciente e agradeceu.

-Muito obrigada, doutoras...

A gente pensa que faz muito...
A realidade é que sempre se pode fazer mais.

¹Belle and Sebastian - Century of Fakers

domingo, 4 de maio de 2008

Recomeçando...

Não sei porque razão eu sofro tanto em minha vida
A minha alegria é uma coisa tão fingida
A felicidade é já é coisa esquecida
Mas agora vou recomeçar

Não vou ser mais triste
Vou mudar daqui pra frente
E a minha escrita vai ser muito diferente
A filosofia vou mudar em minha mente
Pois agora eu vou recomeçar

Quero amor e quero amar
Quero a vida aproveitar
Talvez até arranje alguém
Alguém que eu possa acreditar
Pois agora eu vou recomeçar
E daqui pra frente eu vou mudar¹


¹Vou Recomeçar - Roberto Carlos/Erasmo Carlos

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Aromas...

Andando pela rua ela ia sentindo cheiros...

Cheiros que lembravam as mais diversas coisas...
Indescritíveis em palavras, que despertavam sentimentos confusos, lembranças.

Lembravam a casa da sua bisavó... isso lhe trazia boas lembranças da infância.
Lembravam o tempo que passou no intercâmbio... e isso lhe fazia pensar em como as coisas eram simples naquela época.
Lembravam, ainda, aquele dia que tinha passado ao lado de suas amigas, comidas gostosas, o perfume que sua mãe sempre usava...

Continuo andando e refletindo sobre os cheiros e o importante papel que eles têm de ativar a memória.

Até que um cheiro especial fez com que seu coração parasse por um segundo.
Não conseguiu mais andar... ficou ali, lembrando... pensando...
Pensou que ia chorar, que aquele cheiro ia intoxicar sua alma e paralisa-la para sempre.
Era o cheiro do amor passado... daquele amor que realmente importou, e que agora já não existia mais.
Pensou que nunca mais sentiria aquele cheiro vindo da pessoa amada... e que aquela lembrança ficaria para sempre a tortura-la.
Aos poucos conseguiu se movimentar, seus pensamentos voltaram a fazer um pouco mais de sentido e ela concluiu:
Era apenas o cheiro amargo da saudades.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Além da gota d'água.

Queria conseguir escrever o que tenho pra escrever... não consigo...
Assim sendo transcreverei:

"...
O senhor alguma vez já sentiu
a clara impressão de que alguém lhe abriu
a carne e puxou os nervos pra fora
de uma tal maneira que, muito embora
a cabeça inda fique atrás do rosto
quem pensa por você é o nervo exposto?
É assim, mestre, que eu estou ferida
..."


Deixe em paz meu coração...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

E agora com vocês: SOMATIZANDO

Estou sozinha em casa...
Doente...

Tosse, tosse, tosse...
Expectoração.

Tome bastante líquido,
Alimente-se bem,
Tome os remédios na hora certa...

E a febre chega a 38,5°C.

Mas eu sei bem...
Isso é só uma resposta do meu corpo à um evento que vem acontecendo na minha cabeça há tempos.

Não há antibiótico que cure a solidão.
Drama mode [ON/off]

Ps: fico infinitas vezes mais carente quando tenho febre... difícil acreditar que isso é possível.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

As pessoas deveriam se respeitar........

Bom, pra explicar esse título estúpido eu tenho que contar meus últimos dias.
Tentarei ser rápida e não reclamar muito (o que anda difícil), enfim... lá vai.

De segunda pra terça eu dei plantão. Cheguei segunda às 7:00 no hospital, evolui a enfermaria inteira com minhas quatro colegas e atendi consultas até as 18:30 sem parar nem pra fazer xixi. Fui pra casa e voltei em 30 minutos e entrei no plantão ás 19:00. Eu poderia descrever o plantão inteiro aqui, pra dar uma melhor noção do transtorno que foi aquilo, mas acho que basta dizer que eu tive 2 horas de sono mal dormido e só consegui comer, e assim sentar, as 2 da manhã. No dia seguinte às 7:00 estava na enfermaria de novo e saí da faculdade mais ou menos 18:00 novamente.
Hoje tudo se repetiu, enfermaria e pré-natal que acabou as 19:30 (não entendo como tanta gente fica grávida por aí!! PESSOAS, PELAMOR DE DEUS, usem algum método anticoncepcional ou pratiquem abstinência!!!!)

Enfim, isso tudo pra explicar que eu fui, faminta e exausta porém relativamente bem humorada, ao Mc. Chegando lá fiz meu pedido, muito feliz e contente que eu ia me alimentar, quando a moça do caixa me informou que a máquina do cartão não estava funcionando e ainda teve a coragem de sugerir que eu fosse ao banco tirar dinheiro para voltar em seguida.
Briguei com a atendente.
Sei que ela não tinha nada a ver, sei que não poderia fazer nada e, apesar da alternativa imbecil que me sugeriu, a culpa não era dela, mas não consegui... fiquei muito brava! Eu só queria comer, porra!
O pior é que tenho certeza que todos que estavam presentes me acharam uma má educada insuportável.

Gostaria que elas tentassem medir o útero de uma mulher com 140 kg.

Esse monte de blá-blá blá não foi para conseguir que alguém sinta dó de mim, nem para despertar raiva ("você que escolher isso pra sua vida... e ainda foi, de fato, mal educada!), só queria explicar que até a pessoa mais rude pode ter tido um dia difícil.

Ou ela é só imbecil mesmo e pronto!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Deixada pra trás.


"When you flew through that windshield
And your life passed reel to reel
Was there a bit part for me?"¹

Queria escrever um texto não-clichê para um assunto muito discutido por aí mas levando-se em consideração que eu sou uma negação na escrita, devo dizer que não deve sair muita coisa daqui. Enfim, isso nunca me parou antes...

Fico pensando nas pessoas que passaram por minha vida. A grande maioria nem existe nela mais, uns infelizmente e outros não tanto assim.
O fato é que ficou muita gente pra trás, mas eu consigo me lembrar até hoje do pq essas pessoas foram tão importantes pra mim.

Mas será que elas se lembram??

Já fui "melhor amiga pra sempre" de alguém, a "girlfriend" de um homem, a "mulher da vida" de outro, o anjinho, a confidente, a pessoa mais importante para outras pessoas do passado. Mas será que elas sabem que isso ainda existe em algum lugar, ainda existe na minha memória?!
Hoje sou melhor amiga de outras pessoas, a "dona" de um cara aí, e importante para alguns poucos... mas se isso tudo ficar pra trás, vai ter feito alguma diferença?

O fato é que não dá pra saber... muitas dessas pessoas passam tão longe do que sou agora que é impossivel que eu faça parte da vida delas de qualquer forma que seja.
Mas elas estão aqui, tem um pedaço da minha vida que é só delas.
Meu passado está repleto de gente, e elas nem sabem disso.

¹Beulah - A Good Man is Easy to Kill

sábado, 26 de janeiro de 2008

O despertar.

Ela acordou para o mundo...
Percebeu que não adianta ficar reclamando da vida, dos amores, da carreira.
Não adianta pensar que quer um futuro brilhante com grandes acontecimentos, um homem incrível e apaixonado e, quem sabe um dia, filhos da melhor qualidade.
Percebeu ainda que o futuro dela é responsabilidade só dela.
Ela que deve se esforçar para chegar onde quer chegar.

Era só estudar,
Era só trabalhar,
Era só amar e se dar...

Não! Não!
Isso não é verdade!
Ela continuou sonhando... nunca acordou para todas essas conclusões.
Continua esperando o dia nascer, o homem amar, o milagre acontecer........

E os dias passam... um atrás do outro, sem se notar...
As oportunidades não aparecem, o coração continuou partido, a casa continuou vazia.
E o despertar para a realidade está longe de acontecer.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O assunto é...

Quando eu era criança tinha um livro que chamava "A Casa Sonolenta" - Onde todos viviam dormindo. Eu adorava esse livro...

Eu tinha um pouco (muito) medo de dormir no meu quarto sozinha... passei um tempão pegando meu colchão e levando ao quarto dos meus irmãos e dormindo entre as camas dos dois.
Dormia com a TV ligada, ainda faço isso, mas era uma TV antiga e o volume aumentava sozinho no meio da noite... acho que essa era uma das razões que me faziam dormir tantas vezes no quarto dos meus irmãos.
Nessas de não querer dormir sozinha desenvolvi uma relação extra especial com meu urso, o Amarelinho, dormia com ele todas as noites.

Nunca gostei de dormir sozinha...

A casa está quieta, todos dormem há horas.
Os programas da TV se repetem... a TV não é uma boa companhia, mas pelo menos é uma companhia.
Pra aumentar minha solidão o telefone não toca.

Talvez dormir me faria parar de obcecar sobre o assunto...
Toda essa metalinguagem podia me dar sono...