quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Querendo ser outra pessoa... ou não.

"O Senhor "F"
Vive a querer
Ser Senhor "X" "¹

É um daqueles dias...
Eles estão cada vez mais frequentes ultimamente.

Estou sozinha em casa, e geralmente é isso que desencadeia a coisa toda.
Isso ou um draminha qualquer, que pra outra pessoa pareceria desimportante, mas que pra mim, por alguma disfunção no modo que meu cérebro funciona, se torna um dramão.

Acho que todos acham que eu sou assim...
Que desde criança eu sou "chorona", dramática... exagerada mesmo, nas minhas tristezas e muitas vezes nas minhas alegrias.

O que eu sinto é que eu ando mais triste do que feliz... mas não me considero uma pessoa triste, sei lá... mesmo pq qualquer rótulo desse tipo é inútil, e assim sendo, não vale à pena.

Sinto uma insatisfação geral... uma tristeza ampla e que não pode ser ligada a um aspecto só.

Não é só o trabalho, a faculdade, os pacientes...
Não são só os amigos...
Não é só a família...
Não é só o relacionamento...
Não é só o dinheiro...

Aí eu chego a conclusão óbvia que sou eu.

Não sei pq escrevendo isso... não sei pq resolvi abrir minha vida dessa maneira, talvez pq estando só e sem telefone é só isso que me resta... talvez pq escrever torna as coisas um pouco mais conscientes, e isso ajuda a lidar com elas.

Talvez se tivesse feito artes plásticas...
Se tivesse ficado nos Estados Unidos...
Se mudasse de estado, de país, de vida...
Talvez se minhas escolhas e o acaso não tivessem me trazido até aqui...

Quem sabe se tudo fosse diferente eu não estaria, nesse momento, em algum lugar brindando a felicidade extrema.

Vocês já pensaram na importância de nossas escolhas? No quanto elas realmente mudam nossa vida? E onde vocês poderiam estar se tivessem escolhido qualquer outra coisa?!

O fato é que hoje eu não queria ser eu mesma.


¹Os Mutantes - Senhor F

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 3]

Parei em Potosí... e essa viagem contada tá durando mais que a viagem de fato!

Bom... estava indo a um dos lugares mais lindos da terra: O Salar do Uyuni.
Foram 3 dias fantásticos, mas acho que o velho clichê cabe aqui. Então lá vão imagens:


São 12.000 km² de um deserto de sal de 12 metros de profundidade (10 bilhões de toneladas de sal!). Uma imensidão branca com um contraste incrível com um dos céus mais azuis que eu já vi. No meio uma ilha, com formações de corais da época que aquilo tudo era um mar, antes dos Andes, além de cactus gigantes, de mais de mil anos!Lagoas verdes, vermelhas, azuis... flamingos barulhentos... não havia um lugar que não me deixava de boca aberta!

As pessoas me perguntavam pq eu tinha resolvido visitar a Bolívia. Depois de conhecer esse lugar eu acho que a resposta é bem clara.

Um único imprevisto: Maíra, nossa colega brasileira, se destraiu e bateu a cabeça em um ferro no cemitério de trens! Resultado: sangue, mto sangue... um talho na cabeça e três pontos dados por uma enfermeira vesga, muito da mal humorada. E a preocupação da menina era se ia ter que cortar o cabelo!
Saindo do Uyuni fomos à La Paz, capital legislativa e administrativa da Bolívia, e lá mais um acidente.
Bom, eu não andava de bicicleta desde mais ou menos 10 anos de idade, quando era frequentadora assídua do Ibirapuera, e, seguindo conselhos de loucos (lógico, muito prudente!), resolvemos, eu e a , descer a Estrada da Morte de bicicleta!!! Uhuuuu!!!

Estava tudo bem, eu estava super confiante, achando que eu ia tirar aquilo de letra! E até estava, sabe... até liguei o Ipod, ! Mas aí... bom, eram 3000 m de descida e quando estavamos a cerca de 500 m do fim do percurso.....

Uma mosca entrou no meu óculos

Eu não sabia o que fazer!

Apertei o freio! Mas não medi minha força...

O freio da frente foi mais forte que o de trás.....

Cambalhota por cima do guidão e pronto... eu estava estatelada no chão, com uma dor INSUPORTÁVEL no ombro, e chorando, claro!!!

Resumo: tipóia pelo resto da viagem, minhas pobres amigas carregando meu mochilão, e, só pra completar, o maior piriri da vida no dia seguinte!
(agora no Brasil, depois de uma visita ao ortopedista, descobri que quebrei a clavícula, e o médico por lá não viu, e dei uma lesada na articulação... que ainda dói!)

Mas digo uma coisa: valeu a pena!!!

Agora, rumo à Copacabana!!! E aí Peru, para a última e mais emocionante parte da viagem!
(Calma gente... tá acabando!)

Prêmio

"...criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras..."
Ganhei da professorinha!
Tenho que fazer uma lista de blogs... mas isso vai ter que ficar pra depois :/
Mas farei!


Enfim... tenho que ir :P

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Adeus à Razão

(Sozinha em casa... no banho. A cabeça contra a parede e a água do chuveiro caindo, morna, em sua nuca...)

"Pois é, é assim que vai ser. Simplesmente não dá mais, sabe?!"

(um suspiro introdutório)

"Sua presença na minha vida se tornou um impecílio! É só eu começar a fazer algo que você já aparece, toda dona da situação, querendo que eu pense bem... que eu pese bem as coisas!! No começo achei que você seria realmente importante... essencial até..."

(o tom de voz vai aumentando, ficando mais enraivecido...)

"Algumas vezes eu quero fazer o que me dá na telha, cassete! Sem pensar em consequências!! Mas aí lá está você, querendo se meter onde não é chamada! Eu não pedi sua opinião, pô!!!!"

(mais calma, querendo acabar a conversa)

"O que acontece, na realidade, é que eu conclui que você deve ir. Não podemos mais conviver... nossas vontades não batem mais... e você acaba me atrapalhando..."

(silêncio...)

"Mas... bom... eu não posso mentir pra você... preciso te contar mais uma coisa, afinal te devo uma explicação. A realidade é que eu conheci outra pessoa... completamente seu oposto... que me fez ver as coisas de outra forma. Sabe, ela me deixa livre, eu faço o que eu quero... e se dá errado, se eu preciso chorar, ela sempre está lá, sem julgamentos... eu sinto muito, mas agora você deve ir."

(sai do chuveiro, se enrola na toalha, e na sala vazia cumprimenta, alegre...)

"Que bom que você chegou, Emoção querida"

(um sorriso no rosto)

"Só você me entende!"

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 2]

Bom, paramos na ida a Potosí!
O caminho de ônibus foi tranquilo até (tranquilo querendo dizer que não aconteceu nada demais... mas lembrem-se: as estradas da Bolívia não são asfaltadas, elas são todas duas mãos mas com uma pista só e os ônibus são mais ou menos do início da década de 90, além de serem todas na beira do abismo com risco de queda sempre ali).

Potosí é uma cidade lindinha (sim, eu já falei isso de Sucre... mas Potosí é ainda mais bonitinha!), com duas praças principais, uma do lado da outra e uma catedral.

Foi uma cidade muito rica na época da exploração da prata pelos espanhóis, e dizem as más línguas que a quantidade de prata extraída de lá é suficiente para construir uma ponte até a Espanha, e que uma ponte ainda maior pode ser construida com os ossos dos índios que morreram nas minas do Cerro Rico de Potosí.

Bom, como boas turistas que somos, fomos conhecer a atração turística da cidade: as minas.
Era um domingo, os mineiros não estavam trabalhando... estavam sentados tomando uma cervejinha... mas a visita à mina foi impressionante! É uma realidade que não dá para imaginar! Eles ficam lá dentro o dia inteiro... mascando folha de coca... sem comer nada e trabalhando e torcendo para encontrar um pedação de prata que faça aquilo tudo valer a pena!
Depois de conhecer tudo por lá, ainda tomamos um traguinho com os mineiros (eles bebem álcool à 96°!!!!!).

Agora o trecho Potosí-Uyuni ou "A Pior Viagem da Minha Vida":



Primeiro sentamos eu e a de um lado, e a Maíra e um lugar vazio do outro...
A piada era qual seria a surpresa que sentaria ali...
E foi uma surpresa... ah, e que surpresa!
No começo parecia um bêbado qualquer... falando nada com nada e pronto... pensamos que ele logo ia dormir e calar a boca. Mas ele continuou falando, e a gente ignorando, até que a Maíra não aguentou e mudou de lugar. Foi aí que eu comecei a ouvir, ele dizia calmamente que assim que a gente chegasse no Uyuni ele ia convidar a gente pra ir a casa dele, e que chegando lá ele ia nos matar... que ele tinha pistolas em casa...
Resumo: 5 horas de olhos arregalados, o bêbado cheirando nosso cangote e a batendo nele com uma garrafa de dois litros de água. Eu estava com tanto medo que, devo confessar, chorei! (tá tá... isso não é novidade, mas dessa vez foi de desespero, sem outra explicação!).
Aí surgiu nossa salvação: uma irlandesa imensa acendeu a lanterna na cara do bêbado e empurrou ele pra trás!!!
Chegamos no Uyuni, -35°C, pegamos um táxi e fomos ao hotel, onde fomos atendidas por outro bêbado!!! Mas desse eu não vou nem comentar... nosso cansaço era tanto que a cama era a única coisa que aparecia na nossa frente!
Mas no dia seguinte deu tudo certo... e saímos para um dos lugares mais lindos da terra!
Que, adivinhem, ficará para a próxima!!!


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bolivia e Peru: uma longa narrativa. [Parte 1]

A pedidos da professorinha, resolvi sentar e escrever. E como não consigo falar de outra coisa que não minha viagem... preparem-se :P

Tudo começou no inicio de julho... vôo da Gol São Paulo - Santa Cruz de la Sierra. Chegamos lá pelas duas da manhã, sem um boliviano no bolso... e a casa de câmbio fechada no aeroporto. Sentamos, eu a a Ló, e esperamos... horas e horas. Seis da manhã conseguimos trocar o dinheiro e fomos para a rodoviária, de ônibus, não fazendo idéia do que nos esperava.
O motorista, o primeiro anjo que surgiu nessa viagem, ao invés de nos deixar no ponto onde tomaríamos um táxi até a rodoviária, nos deixou na porta! Aí aconteceu o primeiro susto:

Rodoviária de Santa Cruz = visão do inferno!

Sujeira para todos os lados, cholas para todos os lados! As pessoas, todas índias, olhavam para a gente como se fossemos de outro planeta!!!
E quando eu digo sujeira, não estou falando de lugares como o centro de São Paulo, mas como um lixão mesmo! Pilhas e pilhas de lixo, nas calçadas! Pilhas de um metro de altura, e aquele cheiro de laranja podre!
Bom, pra nossa sorte só tinha passagem pras 4 da tarde, e eram 7 da manhã. Podia passar o resto do tempo contando como nossa estada nessa cidade foi terrível, mas tanta coisa boa pra contar... não vale a pena!
Uma fotinho, pra ilustrar. Ao fundo: a rodiviária.


Bom, quando finalmente conseguimos sair, e tentando não nos desesperar com o estado do ônibus no qual iamos viajar 16 horas, tomamos um dramin e pronto, sono profundo!
Aí, em uma parada no meio do caminho, em um lugar que não dava pra acreditar, conhecemos uma brasileira que viajava sozinha, e ela foi inserida ao grupo.

Chegamos, vivas, a Sucre.

Sucre é, na verdade, uma das capitais da Bolivia, a capital constitucional.
A outra, como todos sabem, é La Paz.
É uma cidade lindinha, com uma praça que é uma graça (Plaza 25 de Maio) e, um pouco afastado da cidade, um parque temático, nos moldes americanos, onde se pode ver um paredão com inúmeras pegadas dos dinossauros que viveram alí.
Passamos duas noites antes de pegar o próximo ônibus (que também não inspirava segurança) até Potosí.




Próxima parada: Potosí. Em outro post, pq já deu... nem eu ia ter paciência de ler tudo isso aí!